A crescente demanda do e-commerce e recente alta do custo do frete no Brasil pressiona empresas varejistas a sair do seu tradicional modelo logístico.
A alta dos combustíveis vem impactando o preço da logística brasileira. Segundo dados do levantamento do Índice de Preços Ticket Log (IPTL), referente ao fechamento de março de 2022 o preço médio do litro da gasolina no País fechou o mês a R$ 7,323, valor 6,89% mais caro se comparado ao fechamento de fevereiro. Segundo a CNN alta do diesel faz preço do frete subir ao menos 8,75% no país.
Na ponta contrária, da receita, vemos uma clara tendência de aumento da demanda. Estudo elaborado pela NielsenIQ Ebit, em parceria com a Bexs Pay, aponta que 91,7% dos consumidores do e-commerce têm intenção de efetuar compras online no segundo trimestre de 2022, alta de 1,7 ponto percentual sobre os primeiros três meses do ano. É a maior projeção para os segundos trimestres desde 2018.
Mas como atender a crescente demanda, reduzir custos logísticos e levar a melhor experiência de compra para shoppers? A saída estratégica para essa “sinuca de bico” aponta para a aplicação de tecnologia nos processos logísticos, principalmente na última milha, a rota entre centro de distribuição e o consumidor. Esta última etapa do processo tem custo de aproximadamente 20% de toda a cadeia. Ou seja, é um fator de grande relevância no resultado das empresas, principalmente as que operam com produtos de menor valor.
A tecnologia pode ajudar de diferentes formas. A alemã DHL por exemplo, considerada maior operadora logística do mundo, mantem um programa de Big Data focado justamente na última milha. Os veículos de entrega da empresa contam com informações chave como condições de tráfego e clima, possibilitando a melhor escolha de trajeto, evitando ao máximo imprevistos. Para completar, esses dados são cruzados com informações como a presença do receptor no local da encomenda. Caso esteja ausente, a rota é recalculada para o endereço da próxima encomenda.
Uma outra solução já conhecida no Brasil para otimizar a última milha é a adoção de pontos físicos de retirada. Esses pontos são “portos seguros” para entregadores e consumidores eliminando a necessidade de sincronia entre esses dois agentes. Embora esses entrepostos logísticos reduzam o insucesso das entregas diminuindo os custos operacionais eles trazem alguns complicadores para a equação como: distribuição geográfica não uniforme, falta de atendimento em horário estendido (06:00 às 8:00 /18:00 às 23:00) e necessidade de atendimento personalizado.
O uso de novas tecnologias na logística não para por aí. Uma solução crescente é a adoção de lockers inteligentes uma vez que sua aplicação agrega melhorias nos processos logísticos além de revelar-se uma excelente solução para engajamento de consumidores. Os lockers são conhecidos por automatizar o processo de pick-up, ou seja, entrega de encomendas para consumidores. Entretanto os lockers também permitem implementar operações de drop-off (postagem) entre outros modelos mais inovadores. Um modelo considerado inovador é o avanço de estoque na última milha. O processo de estoque avançado consiste em disponibilizar o estoque mais próximo dos clientes, de forma a melhorar o prazo de entrega e diminuir o trânsito de mercadorias. Mas como isso é feito com o uso de lockers? Os lockers normalmente têm portas pequenas, médias e grandes. Nesse processo o estoque é distribuído nas portas grandes que ficam dedicadas para esse processo. Quando existe um pedido na região, um agente acessa essa porta, seleciona a mercadoria vendida e a aloca em uma outra porta do mesmo equipamento. Uma chave (QR-CODE) é enviada então para o consumidor que retira a mercadoria dentro da sua conveniência.
Uma expansão desse modelo de estoque avançado é permitir o trânsito dos produtos entre lockers. Dessa maneira, o estoque alocado em alguns lockers pode alimentar outros equipamentos que estejam ainda mais próximos do consumidor final melhorando assim a eficiência logística e a experiência de compra para o cliente.
Autor: Gabriel Peixoto
Sobre o Autor: Gabriel Peixoto é empreendedor na área de tecnologia com mais de 20 anos de experiência. Atualmente é CEO e fundador da Meulocker e Rede1Minuto, empresas especializadas em tecnologia para logística por lockers inteligentes.